12 Outubro de 2018 | 10h39 - Actualizado em 12 Outubro de 2018 | 12h03
Merkel enfrenta "teste decisivo" nas eleições de domingo na Baviera
Berlim - A Baviera, no sul da Alemanha, vai a votos este domingo para o parlamento regional, no que se prevê que seja um "teste decisivo" para o Governo de Angela Merkel, defendeu hoje em declarações à Lusa o politólogo Werner Patzelt.

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Ângela Merkel, Chanceler da Alemanha (Foto arquivo)
Foto: portal.angop.ao
“A principal razão para as pesadas perdas da CDU [União Democrata Cristã, partido de Merkel] e da CSU é a política de migração do Governo de Merkel. Tirar a actual Primeira-ministra do poder é, aliás, uma das grandes motivações dos eleitores do partido de extrema-direita AfD (Alternativa para a Alemanha)”, sustenta o politólogo Werner Josef Patzelt, acrescentando que este é um “teste decisivo” para a actual governante.
Para o professor de Sistemas Políticos da Universidade Técnica de Dresden, estas eleições vão “reduzir a CSU, um partido que se orgulha do seu papel na política nacional desde há várias décadas, a não mais do que um mero partido regional”.
“A derrota da União Social Cristã, e a imensa subida da AfD, impõe a questão de como lidar com este partido de extrema-direita. Deverá a CDU-CSU alinhar-se com todos os outros partidos para tentar excluir a AfD do circuito político? Ou deve a CDU–CSU tentar reconquistar o espaço político que lhe pertencia à direita?”, questiona Patzelt.
De acordo com o politólogo alemão, a CSU tem-se esforçado por chegar ao eleitorado mais à direita, prometendo um acentuar do controlo das políticas migratórias, principalmente no que diz respeito à entrada de refugiados no país.
“Devido à falta de compreensão de Angela Merkel da importância estratégica das medidas que a CSU queria implementar, a tentativa de afastar a AfD falhou definitivamente, diminuindo o poder do partido, não apenas na Baviera, mas de toda a CDU, em toda a Alemanha”, admite Werner Patzelt.
Caso os resultados apontados pelas últimas sondagens se verifiquem, a CSU não conseguirá maioria absoluta, sendo obrigada a formar uma coligação para formar Governo.
“Uma coligação com ‘Os Verdes’ ou com o partido ‘Freie Wähler’ não me chocaria e parece-me bem aceite pela maioria. Mas se ‘Os Verdes’, o SPD, os liberais do FDP e o ‘Freie Wähler’ estiverem dispostos a formar uma coligação, não me surpreenderia ver a CSU ser expulsa do Governo”, revela o politólogo.
Patzelt acredita que houve “uma falta de lealdade intrapartidária que iniciou o declínio da CSU”.
“O actual Primeiro-ministro da Baviera, Markus Söder, e a sua equipa, estão a tentar encontrar um bode expiatório para a próxima derrota, atirando as culpas para o actual ministro do Interior, Horst Seehofer. Dessa forma tentam esconder o facto de que eles deixaram Seehofer sem apoio político, durante a crise que a coligação viveu no Verão”, assegura o politólogo, lembrando a ameaça de demissão do ministro do Interior.
Horst Seehofer defendeu um conjunto de medidas migratórias, provocando uma crise na CSU e na “grande coligação” que forma o Governo: CDU, de Merkel, SPD e CSU.
Segundo o professor de sistemas políticos da Universidade Técnica de Dresden vai ser feito, no próximo ano, um balanço político da actuação da coligação que forma o executivo liderado por Angela Merkel.
“Acredito que o SPD vá abandonar a coligação para terminar as aparentemente infindáveis lutas intrapartidárias. Isso acabará com o Governo, o que até pode acontecer antes devido à crescente oposição dentro da CDU, às derrotas do partido nas eleições regionais que se avizinham e à crescente popularidade da AfD na Alemanha”, sentencia Werner Josef Patzelt.
As eleições na Baviera estão marcadas para o próximo domingo, 14 de Outubro.
Assuntos Eleições
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